Voltamos à zona Interior do País, desta feita à Beira Interior Norte.
Como referimos num post anterior acerca do Caminho Torres, e não obstante existirem de momento marcações do Caminho de S. Tiago que nos levam para Cidade Rodrigo e Salamanca, pensamos que os Peregrinos Portugueses desta região rumavam a S. Tiago de Compostela atravessando o Douro em Barca D'Alva, ou seguindo o trajecto Trancoso > Lamego ou Trancoso >Marialva (Em Marialva onde existe uma Igreja de S. Tiago), para atravessarem o Douro no Poçinho, perto de Vila Nova de Foz Côa.
Mapa esquemático dos 3 percursos estudados
Através de pesquisas, nomeadamente na Grande Obra dos Caminhos de S. Tiago , nos 3 volumes dedicados aos Caminho de S. Tiago em Portugal é referido que na região da Guarda e partindo desta Cidade capital de Distrito, existiam 3 diferente Caminhos que nos levam para Norte.
O primeiro itinerário leva-nos pelas localidades de Freixedas, Alverca da Beira, Vila Franca das Naves e Marialva. Em Alverca da Beira é visível sobre o portal da Igreja Matriz uma Vieira estilizada, no entanto em conversas com moradores desta localidade não foi possível confirmar a passagem de Peregrinos a S. Tiago, já em Marialva, umas das 10 Aldeias Históricas de Portugal, existe uma Igreja cujo orago é S. Tiago, o que serve de confirmação à hipótese da passagem de Peregrinos nesta localidade.
Vieira estilizada sobre o portal da Igreja Matriz de Alverca da Beira
O segundo Itinerário sai da Guarda e desce directamente a serra da Estrela em direcção ao Mondego, atravessando o maior Rio Português, perto da Lageosa do Mondego na denominada "ponte do Ladrão", já em direccção a Trancoso, neste Itinerário era provável a passagem dos Peregrinos no Santuário próximo de Nossa Senhora dos Açores, na localidade de Açores.
" Ponte do Ladrão" sobre o Rio Mondego
Lenda da Ponte do Ladrão:“No seu termo, a meio caminho de Açores está a Ponte do Ladrão de tétrica memória, porque junto dela morou em tempos um amigo do alheio que, oferecendo pousada aos viajantes, roubava-os depois. Mais por isto do que pela sua altura, pois esta não é desproporcionada, gerou-se o hábito de dizer, sempre que se lamenta o futuro duma pessoa: mais valia deitar-se abaixo da Ponte do Ladrão.” Citado da monografia do prof. Ramos de OliveiraRetirado de: Resistência Vale do Mondego
O terceiro Itinerário referido, é comum com o anterior até à localidade de Freixedas, continuando em Direcção a Pinhel, onde existem diversos sinais da passagem de Peregrinos a S. Tiago, como a porta e o largo de S. Tiago, e as vieiras do pórtico da Igreja da Misericórdia. Na descida para o Côa existiam as termas de S. Tiago e de seguida os Peregrinos passavam pelo Colmeal, hoje uma aldeira fastasma devido à Ganância de alguns, até Castelo Rodrigo, onde contavam com o Albergue/Convento de Santa Maria de Aguiar ou nos Século XII e XIII com a hospitalidade dos frades de Rocamadour de Castelo Rodrigo.
Aldeia abandonada do Colmeal
Bibliografia: Por Caminho de S. Tiago, Carlos Gil, João Rodrigues.
Fotos e mapa: Gonçalo Cabral
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